Ana Clara Prevedello, João Vitor Prudente e Rick Barros
O físico Luiz Davidovich venceu o Prêmio TWAS Apex 2025, concedido pela Academia Mundial de Ciências, vinculada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A premiação reconhece a contribuição de pesquisadores e cientistas para o avanço da ciência e da tecnologia em países em desenvolvimento.
Professor emérito da UFRJ e ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Davidovich é referência internacional em pesquisas voltadas para a compreensão da interação dos sistemas quânticos com seus ambientes. Essa análise possibilita detectar, por exemplo, reservas subterrâneas de água e petróleo. “Fiquei muito contente com o nome da Universidade Federal do Rio de Janeiro em destaque. Os prêmios são individuais, mas o trabalho é coletivo. Devo muito esse prêmio aos meus companheiros da Física e aos meus alunos. A ciência quântica é um empreendimento coletivo e pode evoluir ainda mais”, comemora Davidovich.
Segundo ele, o prêmio tem um papel importante na congregação de cientistas: “O TWAS contribui para reduzir a desigualdade que existe atualmente entre os países desenvolvidos e os países emergentes. O reconhecimento do fazer científico brasileiro ajuda a aumentar o protagonismo do Brasil nos grandes órgãos internacionais”. O prêmio foi entregue durante a 17ª Conferência Geral da TWAS, realizada no Rio de Janeiro de 29 de setembro a 2 de outubro. (João Vitor Prudente)
Mulheres trans no esporte
Será que o esporte brasileiro reflete desigualdades de gênero? Atento ao tema, Rafael Marques Garcia lançou, em setembro, o livro “A trajetória de mulheres trans pelo esporte brasileiro” (Editora UFRJ). A publicação apresenta uma análise histórica e crítica sobre a inserção e a permanência de mulheres trans em modalidades esportivas no Brasil.
Professor da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, Garcia articula reflexões teóricas e relatos de atletas para abordar as tensões entre esporte, corpos, identidades e políticas públicas. A pesquisa, fruto de sua tese de doutorado, contribui para ampliar o debate sobre inclusão, diversidade e justiça no esporte contemporâneo. (João Vitor Prudente)
Arte que vem de muito longe
Entrar numa caverna e dar de cara com desenhos rupestres. Essa é uma das experiências oferecidas pela exposição Arte Rupestre e Realidade Virtual, em cartaz na Casa da Ciência da UFRJ até 15 de dezembro. A sensação de viajar no tempo é possível a partir de uma imersão sensorial e informativa, através de óculos de realidade virtual. A mostra reúne achados com mais de 12 mil anos, fundamentais para compreender a história dos primeiros habitantes. Em quatro ambientes, o público pode explorar vestígios da presença humana nas Américas, em sítios arqueológicos, como a Serra da Capivara (PI), Monte Alegre (PA) e o Peruaçu (MG).
Idealizada pelo diretor de cinema Adriano Espínola Filho, a exposição combina também conta com vídeos e fotografias para explicar teorias o povoamento do continente americano e destacar o valor simbólico das manifestações artísticas ancestrais. A visitação está aberta de terça a sexta-feira, das 9h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. A Casa da Ciência fica na rua Lauro Müller, 3, em Botafogo. (João Vitor Prudente)
Indústria da mentira
Mais de 20 pesquisadores do Laboratório de Internet e Mídias Sociais da UFRJ (NetLab) reuniram dados inéditos sobre como a indústria da desinformação afeta consumidores no Brasil. O resultado está no livro “Atingidos pelas redes sociais: os impactos da indústria da desinformação nos consumidores brasileiros”(Editora Sulina) – organizado por R. Marie Santini, Débora Salles, Bruno Mattos, Nicole Sanchotene e Luciane Belin – que traz análises sobre o uso das plataformas digitais para disseminar fraudes financeiras, desinformação e manipulação da opinião pública no Brasil.
As pesquisas foram desenvolvidas no âmbito do Observatório da Indústria da Desinformação e seu Impacto nas Relações de Consumo no Brasil, criado em 2023 em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, e oferecem um panorama sobre o funcionamento desse ecossistema no país. A obra, fruto de uma parceria do NetLab/UFRJ com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJSP) e apoio do Fundo de Direitos Difusos, busca contribuir para o entendimento dos riscos associados ao uso indevido de informações e imagens no ambiente digital. (Rick Barros)
Educadores desde a Colônia
A Editora UFRJ lança a nova edição do “Dicionário de educadores no Brasil: da Colônia aos dias atuais”, obra de referência que reúne biografias de protagonistas da história da educação brasileira. Organizado por Osmar Fávero, Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero e Jader de Medeiros Britto (in memoriam), o livro traz 42 novos verbetes, totalizando mais de 180 educadores que marcaram o pensamento educacional do país.
A publicação apresenta dados pessoais, formação, trajetória acadêmica e contribuições teóricas desses nomes, com destaque para o período de 1920 aos primeiros anos do século XXI. Considerado fundamental para pesquisadores, estudantes e profissionais da área, o dicionário atualiza e amplia edições anteriores de 1999 e 2002, esgotadas há anos, reafirmando sua relevância como fonte histórica e científica. (Rick Barros)
Poesia reunida de Marco Lucchesi
O escritor Marco Lucchesi publicou seu primeiro livro de poesia em 1997, “Bizâncio”. De lá para cá, teve uma série de títulos dedicados ao gênero tanto no Brasil quanto na Itália. Agora, ele acaba de lançar “Poesia mundi: novos poemas reunidos” (Editora Record), com poemas de dez de suas obras já publicadas e de mais três livros inéditos: “Quartetos”, “Mar Mussa” e “Al-Maʿarrī: Vestígios”. “É uma obra que reúne vários livros meus, com diversos temas: o amor, o erotismo, a poesia e a matemática, reflexões sobre a história”, explica o poeta.
Com 442 páginas, o livro reúne quase 30 anos de produção poética do autor. Professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da UFRJ, Lucchesi é também presidente da Fundação Biblioteca Nacional e membro da Academia Brasileira de Letras. (Ana Clara Prevedello)