Paulo Rossi
No consultório da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, o som da banda britânica Queen dá o tom da sessão de fisioterapia. “Gosto de ouvir o rock do Queen. Fico animada para fazer os exercícios”, diz Silvânia Ramos da Silva. Em abril de 2020, a queda de uma escada a deixou paraplégica.
“Os médicos falaram comigo antes de fazer a cirurgia. Contaram sobre a pesquisa da professora Tatiana, perguntaram se eu queria participar. Respondi que sim, claro, não tinha nada a perder”, relembra Silvânia, hoje com 47 anos. “Foi a coisa mais maravilhosa que podia me acontecer. Eu estava perdida, sem saber o que fazer.”
A injeção de polilaminina e a fisioterapia – atualmente uma sessão por semana – mostram resultados progressivos. Silvânia continua se locomovendo com cadeira de rodas, mas recuperou movimentos a ponto de exercitar-se na bicicleta de spinning e caminhar com um aparelho ortopédico, segurando as barras paralelas.
A fisioterapeuta Adriana Dias da Silva é a responsável pelo trabalho de paciência e resiliência, iniciado há quatro anos. “Silvânia não tinha controle de tronco, nem equilíbrio. Ela já consegue rolar, sentar-se e levantar, passar da cama para a cadeira de rodas e vice-versa. Também conquistou autonomia para realizar as atividades da vida diária, como higiene pessoal, arrumar a casa, fazer comida, cuidar dos filhos”, comemora Adriana.
Força muscular
Silvânia e os filhos de 17 e 12 anos vivem na comunidade Casa Branca, na Zona Norte do Rio. O tratamento é mantido com recursos do laboratório Cristália. Ela vai para a fisioterapia de Uber, conduzindo a cadeira de rodas dentro e fora de casa. “Eu não conseguia me sentar. Hoje faço tudo: varro a casa, lavo o banheiro, cozinho. Só não caminho, ainda…”
Adriana destaca a evolução da força muscular: “A gente vê na bike que Silvânia já consegue fazer a flexão e a extensão do joelho durante as pedaladas. Na hora em que ela anda com apoio dos aparelhos, já faz a flexão do quadril”. O objetivo é ativar as atividades neurais e interneurais, possibilitando o “recrutamento” muscular.
No horizonte, a locomoção completa: “Nossa ideia é alcançar o máximo, que é a locomoção. Mas que a gente consiga pelo menos ganhar o máximo de independência para ela”, projeta a fisioterapeuta.
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